A censura através do tempos. Ideologia subliminar que mostra doutrinas e castra iniciativas: uma herança histórica com aplicabilidade atual. Esse foi o tema da aula interativa promovida pelos professores Holanda (História) e Paula (Redação) aos vestibulandos do Progressão-Poliedro.
Utilizando recursos de multimídia e um estilo que despertasse a atenção do alunos, prof. Holanda Mendes Júnior iniciou a atividade interdisciplinar mostrando casos como do jornalista Vladimir Herzog, morto por militares em 1975, e o atentado ao Rio Centro, em 1981, fatos da Ditadura Militar no Brasil. Cerca de 80 alunos participaram da aula que lotou o auditório do Colégio Progressão.
“Não consigo enxergar algo de bom nos 20 anos de regime militar no país, além do medo”, questiona o professor, que leciona a mesma aula há 20 anos e mantém a opinião de anos.
Com citações de autores como Carlos Drummond de Andrade e artistas da Música Popular Brasileira (MPB) como Gal Costa, a professora Paula Guimarães levou os alunos à reflexão sobre a censura vivida nos dias de hoje e o comodismo do povo. “O que dá medo é as pessoas não verem a mensagem atrás da mensagem”, indaga sobre a falsa liberdade, “a falta de questionamentos deixa o Mundo como está”, finaliza criticando o desinteresse em se cobrar mudanças.
Depois da aula, os vestibulando foram convidados a iniciar um debate sobre a censura do regime militar e a imposta pela mídia, na sala multimídia, onde puderam assistir ao filme “Muito Além do Cidadão Kane”, que trata das relações sombrias entre a Rede Globo de Televisão, na pessoa de Roberto Marinho, com o cenário político brasileiro. O polêmico documentário, realizado por Simon Hartog para a BBC de Londres, é proibido no país desde sua estréia, em 1993, por decisão judicial.
“Vários alunos deram suas contribuições com questionamentos interessantes e pertinentes. Pode-se dizer que várias boas conclusões foram tiradas além de se fazer despertar o interesse por mudanças. A inquietação sempre é o primeiro passo para transformações. Então, que estas sejam lançadas agora e encontrem terreno fértil para germinar em um futuro próximo. Afinal, 20, 30 anos para a história é o que se espera para um recomeço”, avalia Paula.
A iniciativa foi aprovada pelo professor Holanda. “Os vestibulares pedem um aluno crítico, que defenda uma linha de raciocínio e a interdisciplinaridade colabora para essa formação”, afirma.