Por Gerson Monteiro
A pesquisa “A Educação na Imprensa Brasileira”, realizada pelo Ministério da Educação e pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi), com apoio do Fundo das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), apresentada na última quarta-feira, dia 18, em São Paulo, aponta um crescimento considerável no número de notícias envolvendo o tema educação, entre 1999 a 2004. Segundo o levantamento realizado em 5.362 textos de 57 jornais de todo o país, as notícias sobre educação passaram, nos últimos cinco anos, de 9.069 para 36.136 textos.
Segundo o diretor-editor da Andi, Veet Vivarta, “o conjunto de textos analisados, obtidos por período de 31 dias, proporcionalmente ao longo de 2004, aponta que a educação ganhou a pauta da imprensa em todo o país”. Vivarta destacou que mesmo com o número de matérias sobre educação, falta aproximar os jornalistas das questões centrais. “As redações precisam ter repórteres especializados para haver debates críticos. Os jornalistas precisam de subsídios, problema que pode ser minimizado pelas assessorias de imprensa.” Ele observou que a maioria das faculdades não discute a agenda social brasileira, fazendo com que o jornalista do futuro ou recém-formado desconheça a importância de se especializar nessas áreas.
Para o coordenador de produção da Andi, Guilherme Canela, “ao retratar a educação, os veículos estão enfocando o sistema público (53%). É razoável, se considerarmos o tamanho do sistema e de seus desafios. A pequena presença de textos sobre o setor privado (12,2%) limita um ator que se torna central na discussão da educação.” Canela mostrou que o ensino superior é o centro das atenções da mídia: 33,4% do material da pesquisa. “Para isso está relacionado ao fato de o MEC ter colocado em pauta a reforma universitária e o ProUni. Temas levantaram discussões como a da política de cotas para o ingresso na universidade”, ressaltou.
Influência – O levantamento concluiu que a cobertura é marcada pela influência do poder público e centrada em temas e problemáticas específicos, os quais, para agravar a situação, são tratados de modo descontextualizado das conceituações de educação e das políticas públicas. “A cobertura, apesar de méritos como o aumento da quantidade de textos e a diversificação de enfoques e fontes, requer esforço para transmitir informação de qualidade, que permita ao leitor compreender a complexidade que caracteriza a educação brasileira”, disse Canela.
Fonte: MEC / Silvana Barletta