Análise revela que o Brasil ainda tem muito o que melhorar. Vale a pena conferir!
Por Sílvio Guedes Crespo, do blog Radar Econômico do jornal O Estado de S.Paulo.
Para explicar aos norte-americanos o “buraco” que existe na educação brasileira, o jornal The New York Times foi pessoalmente à terra do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O correspondente Alexei Barrionuevo desembarcou em Caetés, Pernambuco, e comparou a vida de Lula quando criança com a dos meninos que vivem hoje na cidade. O jornalista chegou a uma conclusão empírica e outra que poderia ser chamada de teórica, abstrata, baseada em números.
A empírica é a de que, diferentemente do que ocorria no tempo de Lula – que quando menino apanhava de seu pai quando ia à escola em vez de trabalhar –, as crianças são incentivadas pelos pais para ir à escola, uma vez que isso é uma condição para receber o Bolsa Família.
O ponto negativo é que os pais ainda não enxergam o estudo como uma oportunidade real de melhorar de vida, na opinião de uma professora de local ouvida pelo “Times”. Ao menos por enquanto, é mesmo o dinheiro que move os adultos a colocarem seus filhos para estudar.
A conclusão teórica é mais cética. Para Barrionuevo, a educação ainda é “a pedra na qual o Brasil tropeça quando tenta acelerar sua economia e estabelecer-se como uma das nações mais poderosas”. Na visão estrangeira do autor, esse problema é uma “grande fraqueza na jovem armadura brasileira”.
E fica mesmo difícil discordar, quando observamos alguns dados citados no texto:
– O Brasil ficou em 49º lugar entre 56 países que participaram do Programa para Avaliação Internacional dos Estudantes;
– Mais da metade dos alunos brasileiros participantes dessa prova tirou a nota mínima no teste de leitura – “em matemática e ciência, o resultado foi ainda pior”, diz a reportagem;
– Alunos de 15 anos no Brasil têm o mesmo nível de conhecimento de crianças de 9 ou 10 na Dinamarca e na Finlândia;
– A repetência é muito alta. Em escola visitada pelo “Times”, há alunos de 13 e de 17 anos na mesma classe;
– O índice de repetência é um dos maiores do mundo no primário, de 28%, segundo o Banco Mundial;
– Mais de 22% dos 25 milhões de brasileiros disponíveis no mercado de trabalho não têm a qualificação adequada para preencher as vagas demandadas pelas empresas, segundo o Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas);
Mas há também dados positivos. A reportagem destaca que, sob o governo Lula, foram construídas 180 escolas técnicas, “comparadas com as 140 criadas nos 93 anos anteriores”.
Reportagem completa do The New York Times, em inglês, aqui: http://www.nytimes.com/2010/09/05/world/americas/05brazil.html